Bruno Lopes, que foi apontado pelo Ministério Público de Goiás como líder da quadrilha de manipulação de resultados no futebol, tem um histórico de supostos golpes.
Apontado pelo MP-GO como líder de um grupo criminoso que subornava atletas para manipular resultados em partidas de futebol a fim de obter sucesso em apostas.
Antes do crime, Bruno já possuía histórico de golpes por onde passou. São pelo menos quatro processos que correm na Justiça de São Paulo contra o empresário de 29 anos. Em um deles, Bruno comprou, em 2021, um salão de cabeleireiro no bairro de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, por R$ 40 mil. Porém, só pagou 10% do valor e sumiu.
Assim, a antiga proprietária do local foi à Justiça cobrar os R$ 35,4 mil restantes do acordo, que ainda teriam o acréscimo de multa prevista em contrato, mais juros e honorários, totalizando R$ 44 mil.
A mulher diz que tentou receber de forma amigável, sem sucesso, e então procurou seus direitos. Em fevereiro deste ano, o juiz Carlos Visconti determinou que Bruno fosse citado para reconhecer, contestar a cobrança ou fazer alguma proposta de acordo.
Em outro processo, também em São Bernardo, o Santander processou o empresário após uma loja de roupas que possui conta no banco reclamar de movimentações financeiras estranhas em sua conta. Após apuração interna, a instituição constatou a participação de Bruno.
O ocorrido foi em maio de 2021, quando a loja percebeu que havia perdido R$ 100 mil em transferência bancária. Conseguiu recuperar apenas R$ 22 mil, sendo que os demais R$ 78 mil foram parar em uma conta em outro banco no nome de Bruno Lopes de Moura.
Então, o Santander foi à Justiça pedir para ter acesso aos extratos bancários do empresário, de modo a visualizar suas operações de entrada e saída na mesma data do golpe. O banco cobra indenização de R$ 100,5 mil.
Meses depois de ter aberto o processo, o Santander reclamou que Bruno não estava sendo encontrado para receber a citação da ação. Até o momento, mais de um ano desde que o tribunal passou a analisar a reclamação do banco, ninguém encontrou endereços do empresário.
Em um terceiro processo, aberto no ano passado e que corre no foro regional de Santo Amaro, um corretor de imóveis acionou Bruno e um amigo na Justiça alegando que os mesmos comercializavam produtos pela internet por meio de uma empresa chamada BCB Imports.
Ele diz que pagou R$ 4 mil por um iPhone 11 de 256 GB, mas que, ao receber o produto, o telefone apresentava vícios. Então, devolveu o aparelho, na espera de que lhe devolvessem um novo, mas Bruno e seu amigo sumiram e não o reembolsaram. Ele cobra cerca de R$ 20 mil por danos morais e materiais.
Como Bruno novamente não foi encontrado, a juíza Renata Nunes o condenou a reembolsar o valor pago no celular, com acréscimos de correção monetária e juros. A decisão de agosto e ele segue sem se manifestar na ação.
Já em outro processo, no Rio de Janeiro, outro homem diz que comprou uma bolsa da marca Louis Vuitton por R$ 4,6 mil, em uma conta do Instagram chamada BL Outlet, que era administrada por Bruno. O autor anexou mensagens com o empresário, que prometeu entregar o material, não o fez e sumiu.
Neste caso, o homem diz que havia feito outras compras com Bruno anteriormente, sendo que nesses casos os itens foram entregues. Porém, a diferença é que ele havia gastado valores muito inferiores nas primeiras aquisições.
Ele cobra R$ 15 mil na Justiça desde novembro de 2019 — a dívida, hoje, supera R$ 30 mil com os juros. Desde então, apesar de ter decisões a seu favor, ele não consegue receber, pois Bruno não vem sendo encontrado, ou não possui bens em seu nome.
Como Bruno não foi encontrado para se defender nos processos, a coluna não encontrou contatos que pudessem responder as informações da reportagem. A matéria será atualizada caso ele queira se manifestar.
Em um posicionamento inicial sobre o caso das apostas, sua defesa disse ao UOL que, por se tratar de uma denúncia extensa, com diversos anexos oriundos dos elementos extraídos na investigação, é necessário muita cautela em qualquer comentário. “Como de praxe, sempre com muito respeito ao trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, as acusações serão formal e processualmente respondidas no momento oportuno”.