Alef Manga, um dos principais jogadores do Coritiba, está entre os sete novos jogadores denunciadospelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) porenvolvimento com o grupo criminoso que fraudou apostas esportivas em jogos das Série A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de outros torneios estaduais. Áudios e prints de conversas do atleta com os apontados como líderes da quadrilha dão embasamento à denúncia do MP.
Após enfrentar dificuldades para receber o dinheiro prometido, Alef Manga lamentou a postura de Diego Porfírio, um dos líderes do esquema, que constantemente o pressionava para participar de manipulações de cartões. O jogador decidiu cortar contato com Porfírio e bloquear seu número de telefone. Manga também relatou as complicações financeiras do esquema, com pagamentos fragmentados e desculpas frequentes quando o dinheiro não era repassado.
Apontados como dois dos líderes do esquema fraudulento de apostas, Bruno Lopez e Thiago Chambó disseram no grupo de WhatsApp chamado “Operação FDS” que Manga recebeu o dinheiro prometido em sua própria conta bancária. “Pix no nome, bicho doido”, escreveu Bruno Lopez, o BL, antes de encaminhar diversos comprovantes para Chambó comprovando os pagamentos em benefício de Manga. Lopez e Chambó são réus em duas ações penais e estão presos desde abril.
Oito depósitos, totalizando R$ 50 mil, foram feitos das contas de Luis Felipe Rodrigues de Castro, Camila Silva da Motta, mulher de Bruno Lopez, e da BC Sports Management, empresa da qual o casal é sócio, nos dias 2, 12, 13, 14, 16 e 19 de setembro, como mostram os extratos bancários dos investigados. Nas investigações, Camila aparece dizendo querer ajudar o marido na operação. Ela fazia então toda a “contabilidade” do esquema, pagando os atletas envolvidos nas manipulações.
Porfírio já confessou em depoimento aos promotores do MP ter participado do esquema e fez acordo para colaborar com as investigações. O jogador admitiu ter indicado Manga aos apostadores.
Na continuação da conversa, Manga é questionado se levaria outro amarelo. Ele responde que “mais pra frente”, contra o Corinthians, em duelo da penúltima rodada. No entanto, o atacante não foi advertido com o cartão naquela partida.
Alef Manga chegou a ser afastado pelo Coritiba em maio deste ano depois que vieram à tona as primeiras conversas com o grupo de apostadores. No entanto, foi reintegrado pelo clube dias depois. Ele não falou sobre seu envolvimento no esquema de apostas desde que voltou a jogar e tem sido um dos principais jogadores da equipe, tanto que é o artilheiro do time no ano, com 13 gols em 25 jogos.
Procurado pelo Estadão, o advogado de Alef Manga afirmou que está analisando ainda a denúncia oferecida e documentos e que “em breve” irá se pronunciar. O Coritiba não respondeu aos contatos da reportagem.
Jeffrey Chiquini, advogado que abriu mão em maio da defesa Alef Manga, lamentou a participação de seu ex-cliente no esquema. “É uma pena tudo isso. Nosso melhor jogador. Eu queria apenas o melhor para o Coritiba e para meu cliente. O acordo seria a melhor estratégia jurídica”.